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Quais são os impactos do pedágio na RSC-287, entre Santa Maria e Tabaí

Da redação

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)/

O governo do Estado divulgou ontem os estudos sobre a instalação de pedágios e a duplicação da RSC-287 para consulta pública. Ainda que o projeto vá passar por audiências, que devem debater possíveis modificações, especialistas pontuam os possíveis impactos econômicos da obra em Santa Maria e na Região Centro. As projeção são desde aumento de frete e da passagem intermunicipal até mais segurança na estrada, menos gastos com combustível e manutenção dos veículos. Há ainda a redução do tempo de viagem e dos acidentes com feridos e mortos.

O economista e professor universitário Alexandre Reis diz que a duplicação de Santa Maria a Tabaí como uma necessidade, que deve trazer mais investimentos à região, bem como mais segurança no trânsito, desde que a empresa responsável pela manutenção e prestação de serviços na via façam um bom trabalho.

- Hoje temos duas praças de pedágio de Santa Maria até a Capital com custo, de ida e volta, de cerca de R$ 28. Com cinco praças de pedágio, com certeza será mais custo para o viajante, mas se for um serviço semelhante ao que é prestado na Free Way, vai valer a pena - avalia Reis.

Estudo indica quando RSC-287 deve ser duplicada entre Santa Maria e Santa Cruz

Ele ainda comenta que o pedágio entre a Quarta Colônia e Santa Maria seria um problema por separar áreas de grande fluxo entre regiões. O economista acredita que casos como este poderão ser debatidos com calma nas audiências públicas para beneficiar tanto a concessão, quanto os usuários da estrada. Para Reis, os impactos positivos com a duplicação da 287 serão muito maiores para a cidade do que os negativos, pois a estrada não comporta mais o tamanho do tráfego atual, por ser a principal via entre a Região Central e a Capital.

Entre os possíveis pontos negativos estão o aumento do frete das transportadoras e da passagem intermunicipal. O presidente da Planalto Transportes, Pedro Teixeira, acredita que pagar mais pedágios será o reflexo de um avanço para a cidade e diz que "o pedágio mais caro que tem é a não rodovia". Sobre as viagens de ônibus daqui até Porto Alegre, Teixeira conta que, hoje, leva de 4h30min a 5h de estrada e, se houver duplicação, poderá reduzir para 3h40min.

OPINIÕES SOBRE O PEDÁGIO E A DUPLICAÇÃO

"Com certeza, é uma iniciativa excelente para nós. O tempo que nós demoramos para fazer o percurso Santa Maria - Porto Alegre, com a duplicação vai reduzir. Vai ser excelente. Claro que o custo do frete vai ter que ser revisto depois. Hoje, são dois pedágios e cada um é R$ 7, estão falando em colocar mais pedágios. Mas a vantagem que a duplicação vai trazer para a cidade ainda é muito maior."

Paulo Rogério Brondani, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de Santa Maria (Sindisama) 

"O pedágio mais caro que tem é a não rodovia. A gente ainda não fez a análise do pedágio em si (do custo da tarifa e a economia que terá com a redução de gasto com combustível e menor manutenção). É fundamental para o desenvolvimento da nossa região termos infraestrutura rodoviária. A que nós temos hoje está bastante saturada, e a duplicação é essencial para o desenvolvimento, pois pode atrair novos investimentos não só para Santa Maria, mas para todo o entorno da rodovia. Cai muito bem essa notícia, é animadora para nós e para a região. É um marco. Uma rodovia duplicada vai baixar o tempo de viagem de Porto Alegre para Santa Maria. Hoje, a viagem dura 4h20min, 4h30min a até 5 horas, dependendo do horário do dia e do movimento. Tem muitas rotatórias, muito tráfego urbano, é bastante imprevisível. Um caminhão lento gera uma fila de dois a três quilômetros atrás dele. Com a rodovia duplicada, o tráfego flui, e a gente nem faz a conta de benefício em termos de redução de custos, mas no benefício para o cliente, que poderá fazer essa viagem em 3h40min." 

Pedro Antônio Teixeira, presidente da Planalto Transportes

"Vai ficar bom porque vai diminuir o tempo de viagem, só que em contrapartida vai aumentar os custos para ir e voltar de Porto Alegre. Porque nós usamos caminhões grandes, são rodotrem e bitrem, então o custo do pedágio é muito maior. Isso vai impactar em frete, em preço final do produto e são coisas que vão afetar Santa Maria, em função disso aí. Porque hoje são dois pedágios para ir e dois para voltar. Vamos pegar como exemplo o pessoal que vai na Ceasa, em Porto Alegre, são quatro pedágios, mais imposto. Agora, estão falando em ser cinco praças, então vão ser 10 pedágios para ir buscar e voltar com combustível. Imagina o frete que vai dar." 

Claudio Tavares, gerente comercial da distribuidora de combustíveis Santa Lúcia

"Para nós, melhora, porque dá para viajar tranquilo nos dois sentidos. Se tiver pedágio, a gente paga, mas pelo menos consertam a estrada, tem segurança, tem socorro, tem tudo. Com certeza teremos economia. Nós trabalhamos com produtos de hortifruti, então quanto menos está na estrada, melhor. Toda fruta absorve o calor, no verão prejudica bastante e a durabilidade é menor. Se a estrada é boa, o trajeto é mais rápido." 

Tokoyuki Takahama, sócio-diretor do Takahama Hortifruti, que transporta e comercializa frutas e verduras 

"A RSC-287 precisa ser concedida dentro de um modelo bem claro. Temos que ver como vamos pagar. O empresariado é favorável a essa duplicação, mas dentro de um modelo do estilo federal que é muito mais econômico. Seria um pedágio caro. Isso tudo tem que ser discutido. O impacto para o negócio seria muito positivo. Tem muita gente que não passa por Santa Maria por conta das rodovias de pouca conservação. Isso faria com que mais gente passasse por aqui e atrairia mais pessoas para os restaurantes e hotéis. O estado brasileiro não tem mais capacidade de fazer investimento na infraestrutura. Precisa dar para a iniciativa privada realizar esse serviço, porém dentro de um modelo bem claro, com uma duplicação toda realizada ao longo da concessão." 

Ademir José da Costa, presidente do Sindicato dos Lojistas de Santa Maria (Sindilojas-SM)

"Nós ainda temos penas um modal de transporte e locomoção, que é o terrestre, diferentemente de outros países que usam viação férrea, transporte aéreo e o pluvial. Então, a duplicação da RSC-287 deve trazer um grande benefício para Santa Maria e a região. Primeiro, pelo quesito de segurança no trânsito. Só o fato de duplicar uma via reduz o percentual de acidentes. Uma vida não tem preço. Outra coisa é que teremos mais assistência nas estradas, com a concessão dos pedágios, pelo menos é o que esperamos. Acho que os impactos negativos vão acabar ofuscados pelos impactos positivos que essa mudança vai trazer à região." 

Alexandre Reis, economista

"Sobre o número de praças de pedágio previsto no projeto, acho positivo, porque acredito que assim o valor de cada pedágio será mais justo, pegando trechos menores da RSC-287, de cerca de 40 quilômetros cada. Para quem vai usar a via, mas não vai até Porto Alegre, quem vai fazer um percurso mais curto, vai ter menos custo com pedágio. Se fossem três pedágios ao logo da rodovia entre Santa Maria e Tabaí, com certeza o valor de cobrança do pedágio teria tendência a ser mais caro. Assim, com cinco, vai ser mais equilibrado." 

Rodrigo Decimo, presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços (Cacism)

"Acho que ajuda bastante. A rodovia atual é muito ruim e muito perigosa. Tudo tem um preço e neste caso é o pedágio. Nosso movimento já foi melhor. Uma 287 poderia ajudar a melhorar o negócio."

Gilmar da Silva, gerente do Posto do Goi

"Mais pedágio é algo sem fundamento. E não é mais um, são mais três! Então, é melhor deixar assim como está. Acredito que o movimento não vá mudar."

Eder Fortes, proprietário da oficina mecânica Pit Stop (na margem da RSC-287)

"As nossas estradas estão um lixo. Pedágio seria bom. É uma boa que dupliquem também, mas tem que melhorar as rótulas de acesso, que são muito perigosas."

Claudemir Gonçalves, motorista de uma transportadora

"É bom, principalmente porque deixa o deslocamento mais rápido, ainda mais para quem trabalha com frutas e verduras."

Clênio Brondani, caminhoneiro que transporta hortifruti


O PACOTE DE CONCESSÃO

  • Trecho a ser duplicado - Do trevo do Aeroporto de Santa Maria até Tabaí (acesso à BR-386)
  • Extensão - 204,51 quilômetros
  • Investimento privado - R$ 2,277 bilhões
  • Período da concessão - 30 anos
  • Praças de pedágio - 5
  • Tarifa máxima por praça de pedágio - R$ 5,93

DUPLICAÇÃO DAQUI A SANTA CRUZ SAIRÁ DE 2028 A 2031

  • Duplicação dos trechos urbanos da 287 em até 5 anos (não inclui a Faixa Nova, que ainda está fora da concessão). Estudo divulgado ontem prevê que duplicações urbanas ocorram do 3º ao 5º ano de concessão, o que deve ser de 2023 a 2025. Em Santa Maria, estudo prevê duplicação da saída da cidade. Mas será só 1,5 km, do trevo do Aeroporto em direção ao pórtico do avião, o que deve ser feito só em 2025
  • Duplicação total da rodovia nos primeiros 11 anos de concessão
  • Duplicação entre Tabaí e Santa Cruz deve ser feita entre 2026 e 2028
  • Já duplicação entre Santa Cruz e Santa Maria deve ocorrer entre 2028 e 2031, segundo o que prevê o estudo da KPMG

SAIBA COMO OPINAR SOBRE O PEDÁGIO

Conforme previsto, o governo do Estado publicou ontem, no Diário Oficial do Estado, o edital de abertura da consulta pública sobre o projeto de concessão da RSC-287, que prevê a instalação de cinco pedágios e a duplicação dos 204 quilômetros da rodovia, entre Tabaí e o trevo do aeroporto, em Santa Maria. Além disso, no site da Secretaria Estadual de Transportes foram divulgados todos os arquivos com detalhes do estudo que embasou o projeto de concessão.

A partir disso, população, empresas e entidades devem enviar suas opiniões sobre a proposta de instalar três novas praças de pedágios para bancar a manutenção da rodovia e as obras de duplicação de toda a RSC-287 nos primeiros 11 anos. É possível opinar sobre qualquer tema envolvendo o projeto, como os valores propostos, cujo teto foi definido em R$ 5,93 para automóveis em cada praça, o local dos pontos de cobrança e as obras previstas, entre outras coisas.

Além disso, serão realizadas, até 4 de maio, audiências públicas em locais e datas a serem definidos pelo Estado. A partir dessas opiniões das reuniões e enviadas por e-mail, o governo poderá ou não alterar o projeto antes de lançar o edital de concessão, previsto para sair até agosto. Se isso ocorrer, a expectativa é que a licitação seja concluída até dezembro, para que a rodovia passe a ser concedida no início de 2020. No 1º ano de concessão, só haverá cobrança de pedágio nas duas praças da EGR. As três novas praças passarão a cobrar a partir do 2º ano.

Entidades já estão se mobilizando para que a Faixa Nova de Camobi seja incluída na concessão para que possa ser duplicada, pois esse trecho foi o único da RSC-287 que ficou de fora do projeto de concessão. Outra mobilização que deve ocorrer é para tentar mudar a praça de pedágio entre Santa Maria e o Trevo de Santuário, para evitar que quem viaja da Quarta Colônia para Santa Maria todos os dias precise pagar pedágio. Por isso, quem quer mudanças como essas deve enviar e-mails com esses pedidos para tentar convencer o governo do Estado a alterar o projeto agora, pois após a licitação sair, não será possível fazer mudanças.

FIQUE ATENTO AO PRAZO

  • Por e-mail - Envie sugestão de mudança, crítica ou opinião sobre o projeto de concessão da RSC-287, até 4 de maio, para o e-mail [email protected]. De preferência, identifique-se, mas não é preciso colocar número de RG, CPF ou CNPJ da empresa. Qualquer pessoa, empresa ou entidade pode opinar de forma livre
  • Pessoalmente - Em audiências públicas que serão agendadas para as próximas semanas pela Secretaria Estadual de Transportes

ONDE ENCONTRAR O ESTUDO

  • Clicando aqui, é possível ver todos os arquivos do estudo da consultoria KMPG, que indicam os detalhes do projeto de concessão, as obras previstas, em que ano cada trecho deve ser duplicado e os cálculos para definir o local das praças de cobrança e os valores por tipo de veículo. São dados bem técnicos

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